«Anjo»

Vento, Frio, Gelo. Era Dezembro. Por mais loucura que fosse, queria sentir o cheiro frio e salgado do mar, sentir os grãos de areia por entre os dedos.Estacionei o Polo de 1995, no parque de estacionamento mais acima da praia. Fechando a porta enferrugada do velho carro. Olhei e toda a praia estava deserta.

Corri rampa abaixo, e só parei quando senti a areia fria na planta dos meu pés. Sentia-me livre. Instintivamente tirei o casaco e corri até ao mar. Mal toquei na água, a sensação gelada arrepiou-me, dos pés á cabeça. Sem pensar, atirei-me á água salgada. Mal respirava enquanto nadava até ao fundo. Derrepente, uma grande onda enrolou-me de tal maneira, que nem eu sei como. Nao me deu tempo de reagir, quando percebo que já não estou perto da costa. Um Medo invadiu-me por completo, já nem sentindo a água gelada arrepiando a minha pele. Pensei se estaria a alucinar. Senti algo quente no meu ombro. Virei-me e apenas vi uns lindos olhos verdes-acastanhados. " Não te vi quando cheguei. Pensei até que estava deserta". Nada me disse. Apenas sorriu. Fiquei espantada. Era o sorriso mais belo que alguma vez vira. Doce e cheio de ternura. Não disse mais nada até chegár-mos á costa. Ele sentou-me na areia fria, e eu termia de frio. Olhei para as minha unhas de tão roxas que estavam, e depois olhei para ele. Não conseguia desviar o olhar dele. aqueles olhos verdes-acastanhados eram intensos. Ele olho-me nos olhos. Despiu o seu cassaco de algodão com pêlo por dentro, e deu-mo. Vesti-o logo, antes que entrasse em hipotermia. "Quem és tu?" e mais uma vez sorriu. " Tens de ter mais cuidado, o teu anjo não pode estar sempre por perto." Levantou-se, e descalço, caminhou pela a areia fria, até longe. Derrepente, uma brisa invadiu por completo a praia e eu fechei os olhos. Quando os voltei a abrir, ele já nao estava. Tentei procurá-lo mas, nada.

"Anjo.. Anjo!!" Nada dizia Nada. Nem se ouvia mais o barulho das ondas.

"Perdi-o..."